quinta-feira, 18 de junho de 2009

Perdas e Danos

(por Alexandre Pelegi)

A vida é um jogo de soma zero: nascemos, crescemos, morremos. Do pó saímos e ao pó retornamos. Quer coisa mais besta?


Tanto por nada, afora que muitas vezes acontece que quando mais importante nos achamos, eis que chega a morte com sua simplicidade abjeta a nos devolver à mesmice eterna do planeta...


Somos mais ou somos menos? Valemos pelo que temos ou pensamos, ou isso pouco importa na contabilidade que acreditamos piamente existir na eternidade?


Tenho cá pra mim que Deus odeia fazer contas, nem é dado a aplicar juros correntes em nossas dívidas. Cada um de nós carrega sua própria cruz, e sabe de cor e salteado o tamanho e a gravidade de seus pecados.


Deus não precisa de memória, não se utiliza de geografia, tampouco de história, sequer precisa de loas ou glórias. Isso é coisa de humanos... Por que acreditamos sempre que somos modelo para o resto da cosmosfera?


Deus é tudo e é nada, está em todos, como podia não estar em lugar algum. Somos apenas o detalhe desta construção inacabada em que insistimos, o tempo todo, em destruir.


O rio está no mar, assim como estamos na vida de todos. Somos a parte e o todo, a vassoura e o rodo, a lama e o lodo, a flor e o estrume. Somos um e somos muitos, por mais que nos achemos donos do outro.


Somos fruto de nossas próprias escolhas. Não há culpados maiores para nossos erros, a não ser nós mesmos. Não há sorte, nem azar, que explique ou justifique nossos destinos, quiçá nossos segredos.


A vida é um jogo de soma zero. Entre o nascer e o morrer resta-nos a chance de ser diverso na forma como escolhemos viver nossa sina. Viver é isso: um instante apenas. O resto é repetição e monotonia.


Ser feliz é contrapor a diferença à igualdade constante de cada dia.



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