segunda-feira, 21 de outubro de 2013

50 PROVAS, 5 ANOS SEM BEBIDA

Matéria veiculada em meu blog no Jornal Corrida, em 21/10/2013.

50 provas, 5 anos sem bebidas

Meia Faral a Farol - miolo
APÓS participar da IV MEIA MARATONA IGUATEMI FAROL A FAROL, no dia 13 de outubro de 2013, completei um total de 50 corridas oficiais, que começou com a Corrida Sagrada, no dia 24 de janeiro de 2010.
Na mesma semana, no dia 11 de outubro de 2013, completei exatos cinco anos parei de ingerir bebidas alcoólicas. Comemoro isso diariamente e agradeço a Deus a benção que me foi concedida, permitindo-me encontrar na prática da corrida de rua uma forma de esquecer completamente um vício tão pernicioso para a saúde.
A Meia Maratona Iguatemi Farol a Farol é toda realizada na maravilhosa orla da cidade de Salvador, um percurso muito prazeroso para o corredor, que durante todo o trajeto desfruta de um visual muito agradável, portanto ideal para celebrar essas efemérides tão importantes em minha vida.
Como já havia participado da edição do ano passado, conheço muito bem o percurso, me senti completamente à vontade e seguro de fazer uma prova com tranquilidade e as condições climáticas do dia estavam extremamente favoráveis.
A largada ocorreu às 7 horas e, para alegria de todos, a temperatura estava bem amena, inclusive caiu uma leve chuva. Melhor não poderia ser. O astro rei resolveu cooperar. Salvador é assim!
Fiz um planejamento de iniciar num ritmo bastante leve, próximo de 8 minutos o km e só aumentar quando estivesse bem aquecido. Assim foi, de modo que completei o primeiro quarto da prova em aproximadamente 38 minutos.
A partir daí aumentei o ritmo para 6:30 o km, que me permitiu chegar aos 10 km com 71 minutos. Pela primeira vez fiz uma “meia” sozinho, sem me preocupar em segurar o passo para ficar com algum amigo ou ter que acelerar para acompanhar. Queria fazer “a minha prova” e ver se conseguia um RP.
Pelo tempo que fiz os 10 km, vi que se não acelerasse mais, não tinha como melhorar meu RP, que era de 2h25min na edição passada. Acontece que justamente a esta altura, o sol começou a brilhar timidamente e a temperatura subiu para próximo dos 28 graus. Mesmo assim não diminuí o ritmo e cheguei aos 15 km com 104 minutos, RP para esta distância. Imaginei que se continuasse no mesmo ritmo seria possível conseguir meu objetivo até com certa folga e, quem sabe, abaixo de 2h20min.
Continuei correndo forte até o 18º km, que atingi com 122 minutos. Aí aconteceu o pior. Senti uma fisgada na panturrilha da perna esquerda e constatei que era uma “bendita” câimbra. A tristeza me invadiu, pois a síndrome do 18º km estava me perseguindo, já que foi exatamente nessa distância que “quebrei” por causa de câimbras na minha 1ª Meia Maratona e também na 30ª Corrida cidade de Aracaju.
Depois de ler o texto de Roberta Palma veiculado no dia 07 último, com o título Guerreiros Anônimos, relativo à Maratona de São Paulo, me ocorreu que também poderia tentar fazer alguma coisa por outros corredores da meia maratona, caso houvesse necessidade, de modo que decidi levar comigo uma pequena embalagem de Salicilato de Metila, o velho conhecido Gelol.
Só pode ter sido milagre, haja vista que naquele momento era o que eu mais precisava. Assim, borrifei o remédio algumas vezes na panturrilha e a dor aliviou. Contudo, não havia como manter o mesmo ritmo, pois o medo de “travar” tomou conta de mim. Infelizmente eu estava certo, uma vez que minutos depois a dor voltou. Novas borrifadas, novo alívio, mas ainda tinha surpresa: comecei a sentir também na panturrilha da outra perna.
Faltavam pouco mais de 2 km e a pequena elevação de Ondina, que não chega a ser uma ladeira de verdade, nas minhas condições assustava. Parei para borrifar as duas pernas umas três vezes. A esta altura já havia perdido quase 10 minutos e o RP tinha “ido para o espaço”. Agora a preocupação era se eu conseguiria chegar. Surgiu então um corredor com o mesmo problema e tive então a única oportunidade de ajudar. Depois seguimos juntos, ambos capengando.
Quando cheguei ao morro do Cristo, faltando um km, já estava com 2h25min. A esta altura, nem abaixo de 2h30min eu conseguiria chegar. Não havia mais nada que eu pudesse fazer. Enfim, cruzei o pórtico de chegada com o tempo bruto de 2:34:26 e líquido de 02:32:24.
Cabeça de corredor é impressionante. Depois de ter feito 49 corridas, reconheço que fiz bobagem. Logo eu que vivia alardeando que corria sem me preocupar com tempo, desta vez achei de “inventar” essa história de RP! Iniciei muito leve e depois forcei. Deu no que deu. Espero ter aprendido.
Percalços a parte, no geral foi uma corrida maravilhosa. O reencontro com os amigos, inclusive de outras cidades, as brincadeiras durante o trajeto com corredores (as) desconhecidos (as), quando em alguns momentos brinquei, ora correndo na frente dizendo que era o “coelho” e ora reduzindo para dar força aos que já demonstravam algum cansaço. Uma festa!
Cada corrida tem sua história. Esta foi minha 50ª e precisava deixar uma forte marca. Marcou mesmo!
Até breve…