sábado, 14 de julho de 2012

O BOM HUMOR E A ÉTICA

Autor: Pe. Márcio Fabri dos Anjos, C.Ss.R.
Prof. Emérito da Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção


"Há muitas formas de a gente se conduzir na vida. Mas com bom humor fica tudo mais fácil.

É VERDADE que o bom humor depende bastante das condições de saúde e até de uma boa digestão. Por isso a palavra “humor” vem de tempos antigos que atribuíam certos sentimentos e fluídos que percorriam o corpo. Mas pode-se dizer que o humor é antes de tudo um estado de espírito que atua em todas as circunstâncias da vida. Por isto ele tem muito a ver com a ética e nossa vida moral.

O mau humor gera grosseria e interfere na imagem que fazemos das pessoas, do mundo e das coisas. Pessoas constantemente mal-humoradas azedam a própria vida e a vida dos outros. Tornam-se pessimistas, agressivas e duras de aguentar. Diferente do mau humor é a indignação diante do que é injusto e indigno. A indignação é princípio de uma atitude construtiva. Mas é sempre importante que mesmo na indignação não se perca inteiramente o senso de humor, para não perdermos também o senso de nossas próprias limitações.

O bom humor precisa de direcionamento ético. Sua justa medida passa pelo respeito aos outros. Isto nos leva a dosar a gozação e a pilhéria, para que ela não fira os outros. De fato, o bom humor nos coloca em posição de tranquilidade e superioridade, com um poder incrível até para agredir. Pode banalizar as coisas ou lhes dar um impulso de reforço. Assim, seu bom uso depende de ser construtivo nas diferentes situações. O sofrimento dos outros pode ser aliviado por um bom humor respeitoso. E até nós podemos melhorar pela capacidade de sorrir diante de nossas próprias insuficiências.

São Tomás Morus, que foi chanceler do Parlamento da Inglaterra no século 16, resume tudo isto em uma linda oração sobre o bom humor: “Senhor, dá-me uma boa digestão, e também algo para digerir. Dá-me saúde do corpo e um bom senso para conservá-lo. Dá-me um espírito jovial, que tenha sensibilidade para o bem e para os outros: e que não me espante diante do pecado, mas sempre encontre um jeito de encaminhar bem as coisas. Dá-me um coração livre da chatice, distante do falar mal, do destempero e das lamúrias. Não permitas que me preocupe demais com aquele que quer sempre se impor, e que chamamos de EU. Dá-me, Senhor, um senso de humor! Dá-me a graça de entender uma brincadeira, para ter um pouco de alegria na vida e também para transmiti-la aos outros”.

Texto publicado na Revista de Aparecida, edição nº 124, JULHO/2012.



2 comentários:

  1. Eu gostei do texto, ajudou muito com um trabalho que eu tinha pra fazer, precisava de ideias para uma dissertação e seu texto me ajudou muito!

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