sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Como Lidar Com o Medo

As más notícias já viraram rotina nas manchetes dos jornais. Do trote no celular ao risco de ser atingido por uma bala perdida, o clima geral contamina e provoca insegurança, raiva, impotência e medo. Veja como essas emoções atingem o corpo e aprenda a controlar esse impacto.

Tem aumentado o número de pessoas que procuram um tratamento psicoterapêutico depois de passar por um assalto ou um seqüestro relâmpago. Essa é a opinião da assistente social Luzia Fátima Baierl, que também coordena o Núcleo Violência e Justiça da Faculdade de Serviço Social da PUC, em São Paulo. Segundo ela, além do medo individual, existe um medo real que vem do coletivo. "É isso que faz com que fechemos automaticamente o vidro do carro no farol. Esse medo social imobiliza", diz Luzia.


Não há como negar que todos estão expostos a esse clima de violência urbana e falta de segurança, também é verdade que só alguns se sentem mais frágeis diante isso. Felizmente, a maioria conta com uma arma psicológica que poderia ser chamada de 'pensamento mágico', a crença de que nada ruim vai lhe acontecer... Quem pensa racionalmente em todos os perigos que sempre rondam acaba sem sair de casa.


Para viver, é preciso acreditar nesse pensamento mágico, uma força psíquica que pode ser Deus, mas também pode não ter nada a ver com religião. É uma fé que traz segurança pessoal. Quando isso não acontece, você abre caminho para que se instalem medos patológicos, "normais" ou subjetivos - de escuro, de avião, de trovão ou de bandido -, típicos de qualquer situação em que a pessoa não se sente suficientemente forte para atacar e se defender.

Dessas situações surgem quadros de medo crônico, terror noturno ou síndrome do pânico, atingindo pessoas que, na prática, costumam ter algumas características emocionais parecidas, como auto-estima rebaixada e a sensação constante de fragilidade...


Receitas para acalmar:

Técnicas de relaxamento: - Quando sentimos medo, prendemos a respiração. Assim, o primeiro antídoto é tentar relaxar respirando profundamente. Todos os exercícios de respiração aumentam a capacidade de controlar as sensações internas do corpo. E as técnicas que favorecem o relaxamento combatem os sintomas do medo: yoga, meditação, shiatsu, acupuntura, são indicadas.


Neurolingüística: - Mudar o padrão de nossos pensamentos é um dos caminhos para tentar driblar o medo. Alguns exercícios que podem ajudar: coloque a mão direita na testa e a esquerda na nuca. Tente lembrar de uma paisagem da natureza e recrie mentalmente todo o ambiente, com os cheiros e ruídos da cena. Pratique também a técnica da associação: se sentir medo dentro do avião, por exemplo, faça algo que esteja relacionado com seus momentos de prazer. Você pode reler um livro que foi empolgante, comer algo de que gosta ou apenas lembrar de uma situação feliz...


Alimentação: no livro "Mentes com Medo" (Integrare Editora), a psiquiatra Ana Beatriz recomenda incrementar o consumo de verduras, especialmente as ricas em cálcio, magnésio e potássio - como acelga, espinafre, brócolis, couve, folhas de beterraba e mostarda -, além das que contêm vitamina C, como couve-de-bruxelas, salsa e couve-flor. Fontes dos mesmos nutrientes, frutas como morango, amora, melão, laranja, uva e banana também entram na lista. A médica recomenda incluir no cardápio antimedo feijões, ervilhas, cereais integrais, sementes e nozes, aves e peixes. E evitar todos os estimulantes, como cafeína, açúcar e álcool, além de consumir carnes vermelhas e laticínios com moderação...

O medo dispara a produção de cortisol, o hormônio do estresse, que, entre outras conseqüências, provoca o acúmulo de gorduras. Também é sob efeito do medo que o fígado acelera a produção de colesterol. Aumenta, ainda, a produção de adrenalina, que causa taquicardia e sudorese. Na mesma proporção, cai o nível de serotonina, provocando a sensação de angústia, desconforto, mal-estar e fome. Durante uma crise, porém, é comum que o apetite 'trave' - em casos graves, o medo provoca anorexia, explica o endrocrinologista Tércio Rocha, do Rio de Janeiro. Segundo ele, os hormônios ligados ao medo têm uma ação destrutiva sobre os neurotransmissores, associados aos processos de envelhecimento, aumento de peso e inchaço.


Por outro lado, também é verdade que certas disfunções físicas podem criar sintomas associados ao medo. Veja as situações mais comuns:


A falta ou o excesso do hormônio tireoidiano provoca distúrbios físicos e também psicológicos, como sensação de vulnerabilidade constante, medo e opressão.

A falta de vitaminas do complexo B, especialmente B12, B6 e B3 também pode produzir reações físicas ligadas aos sentimentos de medo.

A carência de substâncias como serotonina e dopamina, além da deficiência de hormônios sexuais, que são detectáveis através de exames de sangue, também podem se traduzir em angústia e medo...

Sentir medo sem motivo aponta para um problema físico: as disfunções da tireóide também podem provocar esse tipo de emoção...

(Por Silvana Tavano - Marie Claire – abril 2007)

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