Entrevista veiculada no Informativo "Acontece" da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Nordeste, edição nr 137, de 02/03/2018.
José Amâncio
Participante do Plano CV I José Amâncio
"Lute com todas as forças e, sobretudo, confie em Deus e Todas as Nossas Senhoras!"
José Amâncio, que foi destaque no Acontece há seis anos por ter trocado o álcool pela corrida, conta sobre sua nova batalha, agora contra o câncer de boca.
A edição nº 105 do Acontece, publicada em junho
de 2012, trouxe a história do aposentado de Salvador/BA,
José Amâncio Neto. Intitulada “Ele merece
os parabéns”, a reportagem mostrou a garra do nosso
Participante que conseguiu trocar os bares da
capital baiana pela corrida de rua.
Seis anos após aquela publicação, trazemos mais
uma história de superação de José Amâncio, contada
pelo próprio Participante, que certamente inspirará
muita gente: a batalha travada contra o câncer
de boca descoberto há quase um ano. Confira!
No dia 28 de abril de 2017, dia do meu aniversário de
73 anos, infelizmente tive que conviver com dois fatos
extremamente contraditórios. De um lado, recebi centenas
de mensagens me parabenizando, elogiando minha
saúde, me enaltecendo pela excelente decisão que
tomei de abandonar o vício do álcool e me tornar um
corredor. De outro lado, tive a confirmação dos médicos
de que portava um câncer de boca, localizado na base
da língua, causado sem sobra de dúvidas pelo uso do
cigarro, hábito que cultivei por mais de 40 anos.
Assim como na prática de atividades físicas, que se a
pessoa não quiser, realmente não consegue fazer, assim
também é o tratamento que ia me submeter nos
próximos dias: se eu não me esforçasse, não aguentasse
o sofrimento, não adiantaria o esforço da família,
dos amigos, dos médicos! Enfim, dependeria muito de
mim e eu ali decidi que iria lutar. Seria minha primeira
maratona. Cada dia de tratamento seria como um km
percorrido. Seriam 33 dias úteis que teria de superar
para atingir e cruzar a linha de chegada.
O TRATAMENTO
Foram 33 sessões de radioterapia e cinco de quimioterapia,
que duraram 46 dias corridos. Depois vieram os
60 dias de espera para fazer o exame (PET/CT) apropriado
para saber se o tratamento surtiu efeito.
O maior desafio foi conseguir me alimentar. Na fase
crítica do tratamento de radioterapia e quimioterapia,
fiquei com a boca totalmente ferida e, além disso, sentia
enjoos, falta de paladar e saliva, como também boca
seca e amarga. Um horror! Mas em nenhum momento
eu pensei em desistir! Para me alimentar, eu mandava
bater a comida no liquidificador, botava xilocaína na
boca e “engolia” a comida. Fiz isso durante vários dias.
A SUPERAÇÃO
Com muita fé em Deus e em Todas as Nossas Senhoras,
consegui atravessar o período crítico sem muito me
abater e, após 60 dias do término da aplicação dos medicamentos,
o exame constatou que o tumor foi debelado!
O alívio foi grande, mas os problemas de falta de apetite,
paladar e saliva, boca seca e amarga continuaram. Precisei
de muita resignação para suportar.
Depois surgiu uma inflamação na boca que não sarava
de jeito nenhum. Só depois que fiz uma nova Ressonância,
que constatou não haver recidiva do tumor, foi que
me conformei e passei a tentar levar uma vida normal,
mesmo com o desconforto que ainda sinto.
LIÇÕES QUE INSPIRAM
O câncer é uma enfermidade que a gente não pode dizer
que está curado! Há um período de espera de no mínimo
cinco anos para tal. Se a pessoa ficar com medo,
não consegue viver.
Durante o período mais crítico do tratamento fiquei bastante
debilitado e perdi quase dez quilos, mas logo que recuperei
um pouco minhas forças, voltei a fazer atividades
físicas, começando com caminhadas leves, evoluindo
paulatinamente até voltar a correr em ritmo moderado!
Assim, estou treinando quase regularmente. Já participei
de três corridas oficiais e ainda faço musculação na academia
e hidroginástica duas vezes por semana.
Assim, o que posso dizer é que câncer é sofrimento,
mas não é sentença de morte. Quem tiver o infortúnio
de ser acometido, lute com todas as forças e, sobretudo,
confie em Deus e Todas as Nossas Senhoras!
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