quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

O Tempo não para


Minha mãe, que este ano completa um século de vida. Para ela o tempo de fato não parou e continua desafiando a natureza, resistindo bravamente. Aí está uma mulher de fibra!!!!


Em uma, das tantas considerações sobre o tempo, o poeta Mario Quintana disse: “Quando se vê, já é Natal...quando se, vê já terminou o ano...quando se vê, perdemos o amor de nossas vidas...quando se vê, passaram 50 anos”. A sensação de que o tempo não passa, e sim, voa, parece ser cada vez mais perceptível. Assim, um dos grandes desafios de adultos na meia idade é lidar com a passagem do tempo.

A escolha de uma carreira profissional, a criação dos filhos, a manutenção do casamento, além dos cuidados com a própria saúde.
Ao longo da vida, muitos desafios são superados. Porém, para muitos, vencer esses obstáculos acaba se tornando uma grande ilusão. Quando o assunto é envelhecimento, o gerontólogo e professor da Universidade Aberta à Maturidade da PUC-SP, Antônio Jordão Netto, afirma que a chave do sucesso é saber lidar com as mudanças.

“Para saber lidar com a passagem do tempo é importante entender e aceitar que tudo está em constante processo de transformação e que a única coisa permanente na vida é a mudança. Além disso, é fundamental acostumar-se, desde cedo, a desapegar-se das pessoas e das coisas, isto é, compreender e aceitar que tudo é efêmero, nada dura para sempre. O apego traz embutida a grande possibilidade de sofrimento pelas perdas, que são inevitáveis, e pela própria transitoriedade de tudo o que acontece na existência de cada um”, explica ele.

Coordenador de cursos voltados para o público com mais de 40, Jordão Netto afirma que para fazer do envelhecimento um processo inteiramente satisfatório é preciso estar disposto a uma reciclagem pessoal. “Diante da minha experiência, acredito que o sexo feminino está no caminho certo para a longevidade. De todos os meus alunos, 98% são mulheres. Além disso, podemos dizer que a maioria tem um bom nível intelectual. Entretanto, o mais importante é que todos estão dispostos a mudar, reciclar seus conhecimentos, apreciam atividades artísticas e intelectuais e não dispensam uma viagem ou uma oportunidade de se divertirem”, analisa o professor.

Envelhecer envolve perdas e dificuldades. Mas representa também a possibilidade de ganhos. Desde que se aproveite e se entenda que o tempo que vale está aqui e agora. “Viver assombrado pelo passado e temeroso pelo futuro, torna o tempo um inimigo voraz, poderoso, difícil de lidar, pois sua passagem surge como algo penoso, associado a tudo o que os conceitos comuns de envelhecimento trazem, como a solidão e a tristeza. Por isso, é fundamental aceitarmos a passagem do tempo, viver cada dia como se fosse o último e pensar no amanhã como se fosse eterno, fazendo do desapego uma filosofia de vida”, aconselha Antônio.

Para manter o corpo são é preciso ter uma mente sã. Segundo o gerontólogo, a atividade pode prevenir problemas neurológicos e até possibilitar o resgate, pelo menos parcial, dos milhões de neurônios que perdemos a cada dia.

“Os estudos da mente humana tem demonstrado que o cérebro é, talvez, a única parte do corpo que, quanto mais usada, melhor fica. Ler, estudar, desenvolver novas atividades que estimulem o conhecimento, entrar em contato com novas ideias, aprender coisas novas constituem necessidades imperiosas para diminuir o impacto do tempo sobre o mais importante órgão do ser humano, o seu cérebro”, finaliza Jordão Netto.

Por Maria Fernanda Schardong


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