Ao completar 70 anos de vida neste 28 de abril de 2014, mais uma vez reli o excelente texto do Frei Leonardo Boff escrito por ele quando completou a mesma idade, ao qual denominou Oficialmente Velho. No meu caso prefiro intitular Oficialmente Idoso.
Sem nenhuma pretensão, o fato e que não me sinto velho. Posso ate dizer que me sinto melhor do que quando tinha 20 anos menos. O que aconteceu foi que aos 64 anos dei uma guinada em minha vida quando parei de ingerir bebidas alcoólicas e passei a fazer atividades físicas.
Assim, posso estar velho pela idade avançada, mas me sinto muito bem pela disposição que adquiri através da pratica de corrida de rua.
Quando completei 65 anos escrevi um texto ao qual dei o título de Oficialmente na Terceira Idade. O mesmo resume minha historia e transcrevo abaixo.
Ao completar 65 anos neste 28 de abril de 2009, ingresso oficialmente na “Terceira Idade” de acordo com Legislação Oficial.
Este título foi inspirado no excelente texto do mestre Leonardo Boff, “Oficialmente Velho”, que escreveu ao completar 70 anos e que pode ser encontrado no sitewww.velhosamigos.com.br, no link “autores em destaque”.
Foto em 28/04/2009
Essa propalada Terceira Idade tem algumas vantagens, sim. A principal é o direito de não pagar passagens em ônibus coletivos convencionais urbanos. Este de fato é um benefício extraordinário, pois favorece milhões de brasileiros desafortunados.
Outro benefício importante que eu adquiri, foi passar a pagar menos imposto de renda. Considerando que somente um pequeno contingente de idosos neste País ganham o suficiente para superar o limite mínimo de isenção desse tributo, não posso deixar de considerar-me um privilegiado.
Há outros benefícios que até funcionam satisfatoriamente, já a partir dos sessenta anos, como a prioridade de atendimento em filas de bancos, cartórios, supermercados, etc., em que pese muitas vezes as filas de idosos superarem as demais, pois via de regra só disponibilizam um caixa e/ou atendente, principalmente nos famigerados desrespeitadores de direitos, os insaciáveis bancos.
As vagas reservadas para os idosos nos estacionamentos, por não ter nenhuma fiscalização que eu conheça, só prevalecem quando há vagas suficientes para todos, nos estabelecimentos que as oferece. Assim, qualquer um, num flagrante descaso pela Lei, se não encontram outras vagas, utilizam as destinadas aos idosos na maior “cara de pau”.
Não sou muito adepto do termo “Melhor Idade”, que algumas pessoas insistem em usar para definir os idosos. Para mim, a melhor idade varia de pessoa para pessoa. Vou falar um pouco da minha.
Quando estava de fato na melhor idade, que a meu ver é um conjunto da física e mental, que vai dos 20/22 aos 45/50, por aí, cometi os mesmos erros que a maioria das pessoas cometem. Não “tive tempo” para cuidar do bem mais importante da vida, que é a saúde e que para tanto é imprescindível fazer atividades físicas, ter de uma alimentação equilibrada e fugir dos vícios, como fumo e álcool, como já está cientificamente comprovado.
Resultado, à medida que o tempo foi passando me tornei hipertenso, atingi os três dígitos de peso corporal e vi meus índices de glicemia e triglicérides ultrapassarem os limites da normalidade.
Cheguei a esta situação pelo simples motivo de ter comido, bebido e fumado demais e, sobretudo, não ter dado o devido valor à realização de atividades físicas.
Constituí família aos vinte e três anos. Foi cedo, mas não me arrependo. Estou tendo o privilégio de ver o crescimento de minhas três netas, sendo que duas delas já vão completar dez anos em setembro próximo.
Devido aos vícios, não considero que fui efetivamente um bom marido nem um bom pai. Simplesmente não tinha tempo. Só pensava na carreira funcional e, nas horas vagas, sempre preferia ficar bebendo com os amigos.
Com isso, considero que estraguei um tempo precioso de minha vida, na fase mais bonita do crescimento de meus filhos, de dois aos dez anos, que não acompanhei, como hoje gostaria de ter feito.
Quantas festinhas de escola não “pude ir”!!! Quantos passeios aos jardins zoológicos, aos parques, ao cinema, à praia, não fui com eles porque “não tinha tempo”? Este tempo não volta mais e é profundamente lamentável. Não ví, como deveria de ter visto, meus filhos crescerem.
Infelizmente este é um erro cometido pela grande maioria dos pais. No meu tempo isto acontecia mais fortemente com os homens. Hoje acontece também com as mulheres – com uma agravante – elas estão deixando para terem filhos mais tarde, por causa de suas carreiras profissionais e o resultado é que estão tendo cada vez mais gestações complicadas, os filhos são criados por empregados e cada dia há mais casamentos desfeitos. Que pena!
Felizmente acordei e espero que tenha sido a tempo. Parei com os vícios, principalmente a bebida e o cigarro e passei a fazer atividades físicas com mais intensidade. Além de caminhadas diárias, com um mínimo de uma hora de duração, faço também hidroginástica três vezes por semana.
Tendo conseguido emagrecer dezessete quilos nos últimos dez meses, considero que RENASCI, pois minha hipertensão está sob controle, meus índices de glicemia e triglicerídes normalizados e, aos 65 anos, estou me sentindo ótimo. Então, acho que mereço PARABÉNS - GRAÇAS A DEUS.
José Amâncio Neto, de Salvador-Ba,
Em 28 de abril de 2009.
Transcrevo também o texto de Frei Leonardo Boff, no qual me inspirei.
Oficialmente velho Neste mês de dezembro completo 70 anos. Pelas condições brasileiras, me torno oficialmente velho. Isso Mas há um outro lado, mais instigante. A velhice é a última etapa do crescimento humano. Nós nascemos inteiros. Mas nunca estamos prontos. Temos que completar nosso nascimento ao construir a existência, ao abrir caminhos, ao superar dificuldades e ao moldar o nosso destino. Estamos sempre em gênese. Começamos a nascer, vamos nascendo em prestações ao longo da vida até acabar de nascer. Então entramos no silêncio. E morremos. A velhice é a última chance que a vida nos oferece para acabar de crescer, madurar e finalmente terminar de nascer. Neste contexto, é iluminadora a palavra de São Paulo: ”na medida em que definha o homem exterior, nesta mesma medida rejuvenece o homem interior”(2Cor 4,16). A velhice é uma exigência do homem interior. Que é o homem interior? É o nosso eu profundo, o nosso modo singular de ser e de agir, a nossa marca registrada, a nossa identidade mais radical. Esta identidade devemos encará-la face a face. Ela é pessoalíssima e se esconde atrás de muitas máscaras que a vida nos impõe. Pois a vida é um teatro no qual desempenhamos muitos papéis. Eu, por exemplo, fui franciscano, padre, agora leigo, teólogo, filósofo, professor, conferencista, escritor, editor, redator de algumas revistas, inquirido pelas autoridades doutrinais do Vaticano, submetido ao “silêncio obsequioso” e outros papéis mais. Mas há um momento em que tudo isso é relativizado e vira pura palha. Então deixamos o palco, tiramos as máscaras e nos perguntamos: Afinal, quem sou eu? Que sonhos me movem? Que anjos que habitam? Que demônios me atormentam? Qual é o meu lugar no desígnio do Mistério? Na medida em que tentamos, com temor e tremor, responder a estas indagações vem à lume o homem interior. A resposta nunca é conclusiva; perde-se para dentro do Inefável. Este é o desafio para a etapa da velhice. Então nos damos conta de que precisaríamos muitos anos de velhice para encontrar a palavra essencial que nos defina. Surpresos, descobrimos que não vivemos porque simplesmente não morremos, mas vivemos para pensar, meditar, rasgar novos horizontes e criar sentidos de vida. Especialmente para tentar fazer uma síntese final, integrando as sombras, realimentando os sonhos que nos sustentaram por toda uma vida, reconciliando-nos com os fracassos e buscando sabedoria. É ilusão pensar que esta vem com a velhice. Ela vem do espírito com o qual vivenciamos a velhice como a etapa final do crescimento e de nosso verdadeiro Natal. Por fim, importa preparar o grande Encontro. A vida não é estruturada para terminar na morte mas para se transfigurar através da morte. Morremos para viver mais e melhor, para mergulhar na eternidade e encontrar a Última Realidade, feita de amor e de misericórdia. Ai saberemos finalmente quem somos e qual é o nosso verdadeiro nome. Nutro o mesmo sentimento que o sábio do Antigo Testamento: ”contemplo os dias passados e tenho os olhos voltados para a eternidade”. Por fim, alimento dois sonhos, sonhos de um jovem ancião: o primeiro é escrever um livro só para Deus, se possível com o próprio sangue; e o segundo, impossível, mas bem expresso por Herzer, menina de rua e poetisa:”eu só queria nascer de novo, para me ensinar a viver”. Mas como isso é irrealizável, só me resta aprender na escola de Deus. Parafraseando Camões, completo: mais vivera se não fora, para tão longo ideal, tão curta a vida. No ano passado, escrevi o texto abaixo. ENVELHECENDO COM SAÚDE E ALEGRIA
Hoje, 28 de abril de 2013, estou completando 69 anos de idade. O melhor presente Deus já vem me dando e é só o que peço a Ele: SAÚDE e disposição para fazer atividades físicas, especialmente CORRER!
Comecei a reescrever minha história em 11/10/2008, quando consegui parar de beber. Este foi efetivamente o primeiro passo. O segundo passo ocorreu a partir do momento que decidi incluir atividades físicas em minha vida, ou seja, no início do ano de 2009.
O terceiro e decisivo passo aconteceu em setembro de 2009, no momento em que comecei a treinar num clube de corrida, descobri que podia correr e, o mais importante, eu gostei. Foi amor a primeira vista! Também me reaproximei de Deus, reaprendi a rezar, tornei-me Devoto da Mãe Aparecida e admirador do Padre Marcelo Rossi, passei a frequentar a Igreja e assistir Missa aos domingos.
Nesses quase quatro anos já participei de 42 provas oficiais, inclusive duas meias maratonas e uma corrida de 25 km, no percurso de São Cristóvão a Aracaju, no Estado de Sergipe.
Aliado ao gosto pela corrida, encontrei também uma nova satisfação, qual seja escrever textos e divulgar nos blogs que criei. Assim, meu primeiro blog estreou em 07/06/2009, justamente com o texto que escrevi quando completei 65 anos e ingressei oficialmente na terceira idade. Hoje o mesmo já conta com mais de 27.500 visualizações.
Em outubro de 2011 criei um segundo blog, ao qual dei o nome deCorredor da Terceira Idade, cujo objetivo é relatar minhas corridas oficiais. O mesmo já foi visualizado até esta data por mais de 8.500 internautas. A partir de junho de 2012 comecei a escrever textos para um novo blog no Jornal Corrida, de modo que até o momento já foram veiculadas 10 matérias de minha autoria no citado jornal, que podem ser conferidas acessando os links a seguir:
1º texto – apresentação – junho/2012
2º texto – uma maratona para Salvador/ junho 2012
3º texto – Relato de minha primeira meia maratona
5º texto - 3ª Meia Maratona Iguatemi Farol a Farol
6º texto – Ultramatonista? A Bahia tem sim senhor!
7ª texto – São Silvestre Um sonho Realizado
8º texto – corrida e Carnaval? Salvador tem!
9º texto – Venci meu desafio 2013
10º texto – Correr: bom para a saúde e para fazer amigos
Nesse tempo fui alvo de matérias veiculadas em órgãos de imprensa de circulação local e nacional, as quais igualmente podem ser lidas acessando os links abaixo:
Confesso que gosto de divulgar minhas conquistas por um motivo muito simples: tentar motivar os leitores a seguir meu exemplo, pois se foi bom para mim, pode ser também para outras pessoas.
Quando vejo minhas fotos de alguns anos atrás, avalio o quanto foi importante a atitude que tomei e como consegui mudar minha vida para melhor. As imagens não deixam dúvidas:
Parar de beber, emagrecer e começar a fazer atividades físicas efetivamente não é fácil, mas não é impossível e qualquer pessoa pode conseguir. É preciso somente uma boa dose de determinação e força de vontade. Garanto que vale a pena, pois nada é mais importante do que a nossa saúde, que não tem preço e é o bem maior que possuímos.
Como envelhecer é o preço que pagamos para continuarmos vivos, o melhor é envidar esforços para Envelhecer Com Saúde e Alegria.....
Vida que segue...
Um ano se passou e graças a Deus continuo me sentindo muito bem. Hoje comemorei meu aniversário de forma muito agradável e que me deixou muito feliz. Tive a felicidade de assistir a missa no Santuário da Mãe Aparecida,rezar e agradecer pessoalmente as bençãos que me foram concedidas, juntamente com minha querida esposa Graciene, reencontrar e ficar hospedado na residencia de minha estimada comadre APARECIDA BREGALDA, na cidade de Taubate-SP.
Aparecida com sua filha Cinthia e suas netas Julia e Sophia, bem como sua irma Aurora (foto ao lado). Muito obrigado por tudo, meu Deus e minha Mãe!.... |