terça-feira, 29 de janeiro de 2013

ESTAÇÃO DAS PERDAS

Minha saudosa mãe, Maria Solidade de Jesus, falecida em 11/05/2011, aos 101 anos.



"Há horas em nossa vida que somos tomados por uma enorme sensação de inutilidade, de vazio.

Questionamos o porquê de nossa existência e nada parece fazer sentido.

Concentramos nossa atenção no lado mais cruel da vida – aquele que é implacável e a todos afeta indistintamente: as perdas do ser humano.

Ao nascer, perdemos o aconchego, a segurança e a proteção do útero.

Estamos, a partir de então, por nossa conta – sozinhos, podem dizer alguns.
Começamos a vida em perda, e nela continuamos –dizem outros.

Porém, paradoxalmente, se notarmos bem, e se nos atrevermos a ver tudo isso sob um outro ponto de vista, um ponto de vista mais otimista, quem sabe, descobriremos algumas coisas como:

No momento em que perdemos algo, novas oportunidades nos surgem.

Ao perdemos o aconchego do útero, ganhamos os braços do Mundo.

Ele nos acolhe, nos assusta e nos encanta, nos destrói e nos eleva.

E continuamos a perder… E seguimos a ganhar.

Perdemos a inocência da infância, e ganhamos a confiança absoluta na mão que segura nossa mão.

Ganhamos a coragem de andar na bicicleta sem rodinhas porque alguém ao nosso lado nos assegura que não nos deixará cair.

Perdemos a inocência da infância, e adquirimos a capacidade de questionar: por quê?

Perguntamos a todos e de tudo. Estamos crescendo.
Nascer, crescer, adolescer, amadurecer, envelhecer, morrer, renascer.

Cada nova fase revela perdas. Cada nova fase aponta novos ganhos.

A vida é obra encantadora do Criador. Nada nela existe por acaso. Nada funciona ou acontece sem seguir uma lei maior, uma razão.

Nem mesmo a tão temida “morte” deve ser considerada como oposto de “vida”. O que chamamos de morte é apenas uma entrada para outra estação da mesma vida.

Assim, quando achamos que “perdemos” pessoas que amamos, deveríamos enxergar que“ganhamos” um grande amor, e este nunca se perderá.

Cada pessoa que entra em nossa vida, e que nela permanece através do amor, nunca mais estará distante.

Que ganho maravilhoso este! Que certeza esperançosa, revolucionária.

A vida não começa em perda, começa em “oportunidade”.
Nascer é ganhar nova chance de seguir adiante. Nova chance de descobrir, de conhecer e de amar.

Quem ama nunca perde. Quem doa nunca fica sem".

 Autora: Aila Magalhães

3 comentários:

  1. É verdade meu Compadre e cometemos o erro do conformismo em não aproveitar melhor a permanência da mãe na estação apropriada. Perdi a minha mãe em 2000 e vou republicar este brilhante texto em meu blog.

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    1. É isso mesmo compadre Germano. Infelizmente só percebemos nosso erro quando já não é mais possível consertar.

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  2. Amâncio, te ví no site do Roberto.
    Pretende correr alguma prova no RJ? Se vier, não deixe de nos avisar.

    Beijos e boas corridas
    Drica Peixoto
    http://correndonaviagem.blogspot.com

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