domingo, 2 de agosto de 2009

Alzheimer e estresse, tem a ver?

Estresse conduz a ações automáticas (Alzheimer na certa), diz estudo.

Efeito se deve a expansão de área neural ligada a comportamentos rotineiros.

Neurocientista português que liderou a pesquisa diz que proteção do cérebro pode explicar o fenômeno, que foi descoberto em ratos
.

A rotina leva ao estresse, mas os cientistas descobriram agora que o estresse também leva à incapacidade de sair da rotina. Eles estressaram ratos de laboratório e, posteriormente, avaliaram a sua capacidade de abandonar velhos hábitos. É possível estender as conclusões para humanos, dizem.

É uma maneira de o cérebro se proteger. "Uma pessoa estressada vai colapsar se tiver que prestar atenção em mais coisas. Pode ser uma adaptação passar a fazer tudo automaticamente, sem pensar", diz Rui Costa, neurocientista dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA. O estudo saiu anteontem (31/07/2009) na revista "Science".

A ideia é que, quando estamos fazendo algo novo -ainda que banal, como apertar o nosso andar no elevador pela primeira vez após a mudança-, temos que refletir sobre o ato. Qual andar? Em que lado fica o painel com os botões?

Mas, com o hábito, passamos a fazer essas coisas sem pensar.
"Imagine dirigir do trabalho pra casa. Vamos automaticamente. Quantas vezes queríamos parar no supermercado mas, quando vemos, já estamos em casa?", diz Costa.

A rotina poupa o esforço de pensar. (ISTO É TERRÍVEL!!!!)

É possível dizer que os pesquisadores "explicaram" as avenidas cronicamente congestionadas, como a Rebouças, em São Paulo. O trânsito estressa as pessoas, que, num ato automático, deixam de tentar caminhos novos. Continuam voltando para casa pela Rebouças, realimentando o estresse.

Os pesquisadores passaram 21 dias estressando um grupo de ratos machos. Diariamente, cada um era colocado na gaiola de outro macho, com ele lá dentro. Antes disso, a fêmea desse rato dono do pedaço havia sido retirada de lá.

Ou seja, o rato morador da gaiola estava furioso, era agressivo. O novato, em território estranho, ficava com medo e, em poucos minutos, estava tenso e submisso. Os animais também eram forçados a nadar, para misturar componentes psicológicos e físicos do estresse.

Após isso, tanto esse grupo estressado quando um outro grupo de ratos, calmos e de bem com a vida, foram condicionados para apertar uma alavanca em troca de comida.

Depois que aprendiam, a alavanca não fazia mais diferença. A comida vinha aleatoriamente. Mas os ratos estressados - e só eles - seguiam apertando a alavanca insistentemente.

Ao mesmo tempo, os cientistas observaram o cérebro dos ratos através de fMRI (Imageamento por Ressonância Magnética Funcional, em inglês).

Conclusão: o estresse expande uma área neural, em detrimento de outras, relacionada ao comportamento rotineiro e automático - o estriado dorsolateral. O objetivo agora é saber como isso acontece.

"Queremos agora saber quais são as bases moleculares desse efeito. Se tivermos sucesso, no futuro pode-se tentar até desenvolver um fármaco para bloquear isso", diz Costa.

Rui Costa, neurocientista dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA.

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