"Não raro escuto as pessoas falando que “damos amor e queremos
receber amor. Amor é troca”, como sentença definitiva. Não, amor não é troca. A
troca é a base do comércio que, sim, ajuda a movimentar o planeta e a dirimir
as diferenças entre os povos, porém, amor não é mercadoria para ser negociado.
O amor tem que ser incondicional, sem exigir absolutamente
nada de volta ou não é amor. Amor não é moeda de convivência, mas o verdadeiro
sentido dos relacionamentos. Na verdade, quando se reclama que o outro não nos
devolveu o amor que lhe oferecemos, estamos transferindo para terceiros a
responsabilidade pelo nosso vazio existencial.
Um ser integral a caminho da harmonia interior sabe que toda
a paz e felicidade de que necessita para se sentir pleno é construída dentro de
si por si. A partir de então passa a compartilhar com todos o belo sentimento
que lhe encanta o coração. Como um casaco tricotado com a agulha da sabedoria e
pelas linhas do amor, que pronto, tem-se o desprendimento de entregar a quem
está com frio, sem esperar absolutamente nada de volta, salvo a própria alegria
de ter levado um pouco de conforto a alguém.
É imprescindível entender que somente você é responsável por
sua felicidade. Transferir ao outro a responsabilidade de lhe fazer feliz é inadequado,
tolo e, cedo ou tarde, surgirão os conflitos naturais oriundos de quem carrega
um fardo que não pode suportar. Se pode exigir do outro o preenchimento do vácuo de sua alma,
pois tal desafio é pessoal e inerente à evolução de cada um. Ninguém tem a
obrigação de fazer ninguém feliz. O que é diferente de sempre oferecer o seu
melhor para o sorriso e o conforto de alguém.
Ser amado é maravilhoso e uma das dádivas divinas da vida,
mas é necessário aceitar que o amor do outro não é nem será a base da sua
felicidade. Esta tem que ser construída aos poucos dentro de você.
Cada um de nós, sem exceção, possui as ferramentas
necessárias para fortalecer a alma a alcançar a plenitude em completa
liberdade, ao largo de qualquer dependência emocional. Dependências, afetiva ou
sentimental, nada mais são do que prisões sem grades – embora algumas estejam
bem disfarçadas em gaiolas doces e douradas – onde não podemos nos permitir
apodrecer.
O amor é a força mais poderosa de todo o universo, raiz de
todas as transformações, magias ou milagres. São as asas do ser e a razão da
evolução. O poder do amor reside na fantástica realidade de que quanto mais se
dá mais se tem, a transbordar infinitamente essa fonte mágica de alegria.
É a única maneira de
se conseguir um bilhete para a próxima estação na maravilhosa viagem da vida.
Não há outra. A única bagagem que lhe será permitido levar é a essência de seus
sentimentos mais nobres e as histórias que escreveu com eles. Somente isto cabe
em sua “sacola sagrada”, o seu coração. Esta é a sua verdadeira herança.
Não se pode cobrar nada em troca do amor, porque para existir
de verdade o amor tem como premissa o desprendimento, a generosidade, a
alegria, a liberdade, o perdão e a harmonia no convívio social. Ao dar amor nos
enriquecemos na perfeita proporção da doação. Estranho, não? Apenas enquanto
ainda não estivermos despertos de uma série de condicionamentos culturais,
sociais e ancestrais que limitam a expansão da consciência. O exercício do amor
incondicional nos liberta e aperfeiçoa. Sim, insisto: o amor é incondicional ou
não é amor.
O amor tem ricos vieses. Aqui a abordagem será resumida, para
mais adiante, em outros trabalhos, ser mais amplamente desenvolvida.
- O perdão talvez seja o mais importante deles. A mágoa é uma
terrível masmorra a nos aprisionar àquele que supostamente nos fez mal. As
algemas são travadas pela energia do sentir e do pensar. Para nos libertar e
seguir adiante no Caminho a única maneira é perdoar.
Não há outra. Na exata medida que o ressentimento encarcera,
o perdão liberta. Ao perdoar liberamos o outro de nossos desejos mais sombrios
e, nesse compasso, nos libertamos. Assim, o perdão se mostra, além de um ato de
profundo amor, ser também de extrema sabedoria.
Entender o perdão é fazer uso de um poderoso instrumento de
evolução. O perdão nos concede o sagrado manto da perfeita humildade, por
reconhecer as próprias falhas ou as que um dia já nos pertenceram. É o perfeito
entendimento de que ninguém nasce pronto. Sim, o mal tem que ser estancado e o erro
corrigido. No entanto, ninguém tem o poder de impedir ao ofensor novas
possibilidades de acerto no futuro. Assim como você e eu.
- Vivenciar toda a extensão da energia do amor significa
entender a inutilidade de aprisionar alguém a si, pois desejo, orgulho e
vaidade não constroem o legítimo Direito. Ciúme não é amor. Ciúme é a sombra do
amor, o medo de aceitar as asas que o amor concede.
A liberdade de partir, ou ficar, de alguém é absoluta e deve
ser respeitada. Dessa maneira, a recíproca será sempre bem aplicada. Ninguém é
dono de ninguém. O outro desejará caminhar ao seu lado pelo tempo que as
afinidades espirituais estiverem alinhadas. Isto pode durar um dia ou séculos.
A Lei da Evolução é inexorável e fará com que todos cheguem
ao destino. No entanto, cada qual viajará na exata velocidade da expansão do
seu nível de consciência, que se modificará, seja por gosto ou imposição.
Ninguém ficará para trás, mas nem todos estarão no mesmo passo.
Então, algumas
separações serão inevitáveis. É preciso entender que o processo evolutivo,
embora desenvolvido através do convívio social, com suas dores e delícias, onde
aprendemos com uns e ensinamos a outros, é individual e intransferível. Isto
explica o erro de desejar manter alguém ao nosso lado a qualquer custo ou mesmo
o sofrimento ao ver o outro partir.
Entender que “foi bom enquanto durou” ou “deixe partir o que
não mais pertence ao seu momento” é aceitar sábias observações cósmicas. O que
muitos chamam de perdas, nada mais são do que imprescindíveis transformações
ocultas reveladas pela sabedoria do tempo.
- O amor traz consigo variantes nobres. A palavra
misericórdia vem do latim e na minha opinião é uma das mais bonitas da língua
portuguesa, pois expressa o sentimento de “colocar o nosso coração para aliviar
a dor alheia” como um valioso bálsamo a levar conforto a quem nos procure.
Os orientais ensinam que compaixão é a beleza de “salvar uma
alma” e quando assim o fazemos uma nova estrela passa a brilhar no firmamento.
Já se perguntou quantas estrelas já ajudou a pendurar no céu? O mais
interessante é perceber como o simples ato de oferecer um pouco do seu tempo e
algumas palavras amorosas, proferidas com sinceridade, têm o poder de resgatar
vidas e modificar rumos. É sementeira barata a disposição de qualquer
jardineiro atento.
O amor é o que de mais sagrado existe no ser, pois, em
essência, revela a esperança que deposita na humanidade e, por consequência, em
si próprio.
Enfim, dentro de cada um de nós adormece essa força capaz de
transformar e libertar a si mesmo, expandindo-se em ondas até os confins do
universo a embelezar os jardins da existência. No amor reside todo o seu poder
e magia. Use-o sem moderação!"
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